Governança ou Ágil: quais as diferenças e semelhanças?

9 de dezembro de 2022
Adriano Martins Antonio

Temos visto embate entre o movimento relacionado aos defensores dos princípios da governança, através de bibliotecas como o Cobit 2019, CMMI, Normas ISO, ITIL, entre outros, e aqueles que defendem uma abordagem através dos métodos ágeis para as organizações, pensamento que se embasa em fundamentos do Scrum, Lean, Kanban etc. Mas quais são as diferenças e semelhanças entre governança e ágil?

A governança está mais ligada a controles e tomada de decisão. O ágil, à flexibilidade. 

Aqueles que defendem os métodos ágeis argumentam que a governança pode engessar a organização. Já os partidários da governança vêem o oposto: os processos como libertação, sem os quais a desorganização e os riscos serão elevados.

Mas será que o ágil e a governança são realmente opostos? Hoje, nosso objetivo é investigar essa relação, seus pontos de congruência e suas distinções.

As características do Ágil

Para analisar a situação, vamos começar listando os pontos principais do movimento ágil:

  • Foco no desempenho
  • Uso de métricas, KPIs, OKR, indicadores etc.
  • Evitar desperdícios
  • Aderir a um framework e modelo de trabalho
  • Aumentar a visibilidade
  • Transparência é a alma do negócio
  • Resolver os problemas de maneira rápida
  • Foco em entregas ágeis e que gerem valor
  • Controle do prazo
  • Foco na priorização
  • Preferência por profissionais com papéis ao invés de cargos
  • Dependência de feedback contínuo
  • Preferência por uma metodologia de trabalho
  • Foco em otimizar e automatizar
  • Foco na eficiência e na visão dos resultados
  • Foco na entrega de resultados
  • Frequente tomada de decisões
  • Gestão à vista
  • Autonomia e empoderamento
  • Provocam a sinergia e colaboração
  • Monitoramento
  • Atenção à Transformação Digital
  • Preocupação com as pessoas
  • Criação de valor
  • Trabalho desempenhado em fases
  • “Gestão é a alma do negócio”
  • Uso de ferramentas de gestão e controles
  • Objetividade através do uso de gráficos

E na governança?

Agora, vamos analisar cada uma dessas características listadas. Como a governança vê cada um desses itens:

  • Foco no desempenho e uso de métricas, KPIs, OKR, indicadores etc.

Não há como monitorar a governança sem monitoração de desempenho. Se a governança dita o direcionamento, o foco no desempenho é crucial para monitorar se estamos seguindo, de fato, o direcionamento apontado. E, para que isso seja feito, devemos analisar os indicadores, métricas, OKRs etc.

  • Evitar desperdícios

Alguns dos benefícios da governança são, justamente, a otimização dos recursos e a redução dos desperdícios.

  • Aderir a um framework e modelo de trabalho

Cobit, CMMI, Normas, ITIL e outras bibliotecas são frequentemente usados para governança.

  • Aumentar a visibilidade e transparência

Transparência é, também, fundamental para a governança. Uma empresa que vai abrir o capital na bolsa, por exemplo, precisa aplicar governança para garantir a transparência dos dados financeiros para os investidores.

  • Resolver os problemas de maneira rápida

Governança não é feita para deixar a empresa lenta, e sim para construir processos efetivos que facilitam a resolução dos problemas sem que se tenha que “inventar” uma prática “do zero” a cada nova situação. O gerenciamento de crise é um grande exemplo disso.

  • Foco em entregas ágeis e que gerem valor

O foco da governança também é entregar valor para as partes interessadas através da redução do desperdício.

  • Controle do prazo

Relatórios, compliance, auditorias e vários outros focos da governança dependem fundamentalmente do controle do prazo.

  • Foco na priorização

O foco na priorização se reflete em todos os processos da governança.

  • Preferência por profissionais com papéis ao invés de cargos

Não existe, por exemplo, uma equipe de gerenciamento de incidentes ou um gerente de mudanças como cargo. Isso é assumido, dentro da governança, como um papel, com o objetivo de otimizar recursos.

  • Dependência de feedback contínuo

Compreender o que os investidores, o mercado e as partes interessadas em geral estão achando da organização é parte fundamental da governança.

  • Preferência por uma metodologia de trabalho

Também uma parte essencial da governança, representada por suas práticas e processos.

  • Foco em otimizar e automatizar

Dois dos grandes focos do Cobit, por exemplo, são a otimização de riscos e a otimização de recursos. A automatização dos processos também não é colocada de lado pela governança.

  • Foco na eficiência e na visão dos resultados

As decisões são tomadas com embasamento no dashboard, ou seja, nos indicadores, métricas e números.

  • Foco na entrega de resultados

Isso está diretamente relacionado às partes interessadas na organização, elemento indispensável para o pensamento da governança.

  • Frequente tomada de decisões

Na governança isso também é verdade. Além disso, há uma hierarquia de tomada de decisões que as divide em três camadas: estratégica, tática e operacional.

  • Gestão à vista

Todos devem entender o direcionamento da governança pois a organização, como um todo, deve estar interligada. Se ocorrer uma falha em uma ponta, a outra ponta será afetada.

  • Autonomia e empoderamento

A governança visa treinar e capacitar as pessoas para que elas possam tomar decisões dentro do seu nível de expertise. A matriz RACI é um exemplo frequente dessa característica.

  • Provocam a sinergia e colaboração

Pois tudo o que é entregue por uma organização está intimamente ligado às partes interessadas e fornecedores, por exemplo.

  • Monitoramento

O monitoramento é novamente uma característica intrínseca ao dashboard.

  • Atenção à Transformação Digital

Apesar de não ser uma regra para todas as empresas, a concorrência e as rápidas mudanças trazidas pela transformação digital tendem a forçar as organizações a se enquadrar nas novas expectativas e formas de trabalho.

  • Preocupação com as pessoas

Trata-se de uma das responsabilidades sociais de qualquer organização. 

  • Criação de valor

Governança trata de criar valor para as partes interessadas.

  • Trabalho desempenhado em fases

Também, na governança, há divisão de fases para tudo.

  • “Gestão é a alma do negócio”

Aqui, governança e gestão são a alma do negócio.

  • Uso de ferramentas de gestão e controles

Mais um aspecto essencial da governança.

  • Objetividade através do uso de gráficos

A governança é objetiva, pois o valor dos gráficos e métricas está na entrega de resultados.

Então o que difere entre ágil e governança?

Percebe-se, portanto, que as características principais da governança e do ágil são as mesmas.

Analisaremos, agora, os itens que diferem de uma abordagem para a outra:

  • Forma de entrega

Na governança: no projeto tradicional, divide-se o projeto em fase de planejamento, execução e entrega.

No ágil: a entrega é feita de forma iterativa, em que as fases de planejamento, execução e entrega são feitas múltiplas vezes ao longo do processo.

No entanto, qualquer um dos métodos podem ser adaptados dentro de suas abordagens.

  • O apetite ao risco

Na governança: em modelos mais tradicionais, muitas vezes prefere-se evitar os riscos quando isso é possível.

No ágil: a cultura de testes e de início rápido é mais intensa. Lida-se, todo o tempo, com a possibilidade e a realidade de tentativas fracassadas.

  • Experimentação vs. planejamento detalhado

Na governança: novamente, essa característica está associada ao alto risco atrelado às experimentações, principalmente em organizações grandes e consolidadas.

No ágil: a experimentação, o “errar rápido e aprender rápido” é o lema no Ágil.

  • A cultura da empresa

A implementação do ágil, em muitos casos, demanda uma transformação total da cultura de uma empresa, o que não é sempre possível ou, simplesmente, não é a intenção da organização.

  • O tipo de produto ou serviço que é vendido

O tipo de produto ou serviço de uma empresa influencia muito nas formas de trabalho e organização do trabalho. Um banco digital, por exemplo, está em uma posição muito mais favorável à aplicação do ágil do que uma fabricante de aço.

  • O volume de documentos 

Em empresas que exigem mais documentação para estar em conformidade com as leis, por exemplo, o ágil pode trazer mais riscos.

Conclusão

Para finalizar, pense sobre as seguintes questões, cujo objetivo é causar a reflexão sobre a importância da governança para todas as organizações.

Você acha mesmo que:

  • Investidores colocariam dinheiro em uma startup sem gestão ou direcionamento?
  • Investidores colocariam dinheiro em uma empresa de inovação que são desorganizadas?
  • Os reguladores irão pegar mais leve com uma empresa só porque ela tem uma pegada ágil?
  • As leis serão menos severas para empresas ágeis do que para empresas que têm governança?

Não há desculpa para não implementar governança, pois:

  • Os processos libertam e trazem agilidade.
  • Nada impede que usem-se princípios ágeis para a aplicação da governança.
  • Nada impede que implemente-se, até mesmo, uma governança ágil, pois os princípios são os mesmos.
  • Chame do que quiser, mas a tomada de decisão é baseada em informações. E se tem informação, tem Governança.
  • O COBIT mudou, a ITIL mudou, os Objetivos mudaram, o mundo mudou! 

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